Oxalá fosse eu o dono do tempo e conhecesse de fato os seus mistérios
Oxalá tivesse a certeza que a ilusão é mesmo ela
Oxalá contasse cada novo todos os versos do Eterno
Mas por hora sincronizo a minha prosa e sintonizo às forças do universo
Por agora eu giro com a roda, dou relatos com certeza absoluta,
Eu sou o centro de tudo que observo!
domingo, 16 de agosto de 2015
sábado, 1 de agosto de 2015
Vida e Morte
"As jogadas que o destino faz ninguém sabe
As coisas que o destino vê ninguém prevê
As ironias que o destino apronta
Só os deuses conseguem entender"
Foi nas mãos de uma parteira que ela nasceu
E em um barraco em uma favela que ela cresceu
Quando tinha cinco anos sua mãe morreu
Baleada por um falso pastor cristão-ateu
Foi seu pai um pobre pedreiro que a criou
Mas foi a rua da favela que a educou
Muitas vezes viu de traficantes seu pai apanhar
e por fim em uma overdose ele se matar!
E qundo de seu barrraco
À fora foi jogada
Descobriu-se sozinha na vida
Nessa empreitada!
Foi pedir abrigo ao Hernandes
Traficante dono da favela
Homem mau que a deu comida
Mas roubou a virgindade dela
Diana só tinha oito anos
E na vida já caiu
Cheirou cola, bebeu, fumou
E aos doze se prostituiu
Tinha dinheiro pra comprar cigarros
Mas sempre depois
Ia de casa em casa
Mendigando o seu feijão com arroz
Depois juntava todo o dinheiro
Que ganhava a noite no puteiro
De homens casados e importantes
Da burguesia do Rio de Janeiro
Juntou dinheiro e depois
Comprou uma arma de fogo
Juntou dinheiro e depois
Comprou uma calibre trinta e dois
Arma que ela vendeu
Mas um dia antes
Essa mesma arma ela usou
Para assassinar Hernandes!
Virou a viúva do tráfico
A dona da plantação
Fez intercãmbio com bolivianos
E baseado pra exportação
E quando os seus produtos
Na fronteira não passavam
Ia pro motel com os federais
E as drogas eles liberavam
Uma só vida! Uma só vida humana!
Dizia ela, é insignificante!
É a minha vida, dizia ela
É insignificante frente a imensidão!
Mas como um guia da mente
O destino fez ela encontrar
Um meio-irmão que ela não conhecia
Filho de seu pai com a sua tia
Ele era religioso
E a converteu
E dos negócios por um tempo
Diana esqueceu
Largou todos os vícios
E passou a trabalhar
E decidiu que no bordel
Nunca mais ia pisar
Assim passaram sete anos
Mas um dia ela errou
Transou com seu irmão
E descobriu que engravidou
Voltou a traficar
Como não podia ser
E sem que seu irmão soubesse
Abortou o bebê
No meio da noite
Suas coisas ela pegou
Foi até a ferróviária
E pra São Paulo uma passagem comprou
E foi dentro do Trem de Prata
Que Diana conheceu Marly
Uma carioca rica
Que morava no Morumbi
Marly era bonita
Esperta e muito charmosa
Mas por dentro tinha uma alma
Cheia de espinhos e venenosa
Marly não era legal
Não era boa gente não
E de repente pela gata da Diana
Começou a sentir tesão
Tirou uma pistola da bolsa
E pra Diana apontou na cabeça
Querendo que ela tirasse a roupa
E se deitasse em uma mesa
Mas Diana não era lésbica
E por isso reagiu
E na calada da madrugada
Só um tiro se ouviu!
Adeus Diana, Adeus Diana,
Adeus Diana, Adeus!
Adeus Diana, Adeus Diana,
Adeus Diana, Adeus!
Diana nasceu triste e infeliz
Diana viveu triste e infeliz
E Diana com desenove anos
Morreu triste e inrfeliz!
Por isso se um dia estiver em um trem
Em um vagão sem mais ninguém
Não esqueça de para trás olhar
pra ver se Diana não está a te espreitar!
Mas olhe atentamente
E é bom várias vezes olhar
Se não Diana chega perto
E consegue te agarrar!
Adeus Diana, Adeus Diana,
Adeus Diana, Adeus!
Adeus Diana, Adeus Diana,
Adeus Diana, Adeus!
1998
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